segunda-feira, 20 de junho de 2011

Neymar, pai‏





Neymar, pai
Pedro Cardoso da Costa 
Não são raros os casos do surgimento de filhos de pessoas famosas produto de envolvimento quando solteiras ou mesmo após o casamento. Nas décadas anteriores a incidência era maior, decorrência natural dos poucos meios de prevenção e até da falta de cultura na prevenção das gravidezes não planejadas.
No Brasil, e talvez no mundo todo, a prática do sexo seguro foi intensificada após o surgimento da AIDS no início da década de 80. Uma doença ainda incurável, que tem como meio de transmissão mais comum a relação sexual. Ou seja, o receio de contrair uma doença sem cura tornou-se o maior programa de planejamento familiar. Apesar do receio, até hoje há muita resistência à utilização de camisinha nas relações sexuais. Muitos homens casados infectaram suas esposas e os jovens até hoje não se previnem.
Ainda que em todas as épocas os jovens sempre tenham buscado projeção pessoal, fama e dinheiro, de uns anos para cá, essa busca se intensificou a tal ponto que, hoje, são os próprios pais que colocam a fama e dinheiro dos filhos como objetivos próprios. Todo pai pobre ou de classe média faz verdadeiros investimentos para realizar o sonho de ter um filho artista, jogador de futebol ou piloto de Fórmula Um; não pela realização, mas tão-somente para conseguir muito dinheiro.
Até aí o único erro é fazer seu projeto de vida à custa do esforço alheio. Mas, por se preocuparem demais em construir sua mina de dinheiro, os pais não se preocupam em transmitir valores éticos. Prevalece o vale-tudo. O jovem fixa a idéia de que deve se tornar rico para “comer” todas as “minas” possíveis, esnobar jóias e carrões, inclusive com a transgressão de todas as regras de trânsito, além de passar por cima de todos. Fala-se aqui de uma regra que, como todas, têm suas exceções.  Neymar não se enquadra nessa exceção. Quanto ao “comer”, vou defender em artigo que a imprensa escreva as palavras literalmente como foram pronunciadas. Nada de mandou tomar no c. Tem que dizer em quê.
Neymar já atingiu o estágio de fama e de riqueza. Já se tornou ídolo nacional e já ganha muito dinheiro. Todos os jovens o seguem no corte, penteado e cor do cabelo; na gíria que utilizar e na comemoração do gol que ele fizer. A regra do vale-tudo pela fama também já alcançou as mocinhas deste país. E ter um filho de um famoso parece ser a realização de grande parte delas.
O Estado brasileiro permite legalmente que qualquer pessoa tenha quantos filhos desejar. Com Neymar não seria diferente, se suas ações não gerassem influência na juventude deste país. Os “neymarnias” deveriam ser alertados de que devem ter filhos quando tiverem condições financeiras para cuidar; e a grande 
maioria não tem.
Neymar costumar falar da boa relação com a futura mãe do seu filho. Isso denota que ele não a tem como uma companheira e deixa implícito que esse filho não foi programado. Eis aí o seu principal e talvez, único erro: não se cuidou suficientemente para evitá-lo. Pelo meio em que vive Neymar não faltou informação, não faltou dinheiro; faltou cuidado, tão-somente.
Não se tratou do cai-cai de Neymar em campo e a marcação, cerrada e justa, que os árbitros fazem em cima dele agora. A imprensa brasileira valoriza e ameniza essa conduta desleal, sob o pretexto da esperteza, que tanto mal faz ao Brasil em todas as áreas. Essa esperteza se reverteu e agora o maior prejudicado é Neymar.  Esse jovem genial apenas se acostumou a essa prática, sem perceber o mal que fazia a si; mas isso não o exime do resultado pela prática de seus atos.
Trata-se apenas da paternidade do jovem, uma conduta pessoal, que diz respeito somente a ele; mas de sua influência social, ampliada nesses episódios pela massificação da mídia. Neymar deveria mencionar que o jovem só deveria ter filho quando planejasse, quando estivesse preparado material e psicologicamente e de que seu exemplo só serviria se fosse pelo inverso. Filho nunca deveria ser resultado de descuido, seja de famosos ou de comuns.


Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
      Bel. Direito

Nenhum comentário: