terça-feira, 7 de maio de 2013

Maestro João Carlos Martins faz palestra hoje na Unifor e articula a criação de orquestra em Aquiraz



João Carlos Martins é um artista como poucos. Uma combinação rara de talento e determinação para superar as armadilhas da vida. Convidado do projeto Saber em Harmonia, da Universidade de Fortaleza, ele conta um pouco de sua história em evento que integra as comemorações de 40 anos da Unifor.

O maestro João Carlos Martins fala de sua trajetória de superação, hoje, na Unifor

Por amor à música, Martins enfrentou 20 cirurgias e uma sucessão de problemas motores. Nada o impediu de ser considerado um dos grandes maestros brasileiros. Ele reconstitui essa via dolorosa na palestra “A música venceu”, às 19h, na Praça da Biblioteca da Unifor. Os interessados devem se inscrever via internet no site www.unifor.br.

A história e a arte de João Carlos Martins são tão ricos que, não à toa, vão parar no cinema. Um filme, em fase de pré-produção, vai levar à tela os principais episódios de sua trajetória. Nas telas, o maestro será interpretado pelo ator Marcelo Serrado.

Encontros
Não faltam episódios interessantes na vida de João Carlos Martins. Contava apenas 20 anos quando se apresentou pela primeira vez no tradicional Carnegie Hall, nos EUA, patrocinado por Eleanor Roosevelt. No fim dos anos 1960, após um de seus recitais na casa, teve um encontro com Salvador Dalí, que lhe deu um conselho: “Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach. Algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita”. Martins não quis apenas dizer, mas provar que era, de fato, um intérprete extraordinário de Bach, de quem registrou toda a obra.

O maestro é fundador e regente da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP e dirige a Fundação Bachiana, também criada por ele, que desenvolve trabalhos de musicalização com jovens e crianças em bairros da periferia de São Paulo e outras capitais.

Palestra
“Eu digo que a música venceu, porque mesmo com todos os percalços na minha vida, consegui continuar na música e posso agradecer a Deus por isso. Eu tenho hoje dois papeis na minha vida: o de continuar procurando a excelência musical e a responsabilidade social”, justifica o maestro, sobre o lema que não titubeia em repetir e que intitula a palestra de hoje. A Filarmônica Bachiana, reforça, vem se destacando internacionalmente, com concertos no Carnegie Hall, Lincoln Center, Broward Center. “Hoje, a Bachiana é uma orquestra de ponta, que já enfrentou cinco vezes, com galhardia, a crítica do New York Times”, diz.

Já no trabalho com Fundação Bachianas, são atendidas hoje em média 4 mil crianças. Além de narrar sua trajetória, João Carlos Martins fala sobre o trabalho social. O projeto atua em bairros da periferia e cidades próximas a São Paulo, caso de Suzano, Osasco, Paraisópolis e Jaraguá. “São localidades pobres. Estamos selecionando talentos no meio de escolas. Em cada um formamos um coral e escolhemos 21 talentos para uma orquestra de cordas”, detalha Martins.

Ceará- Aquiraz
Um dos projetos da fundação começou a ser realizado em Aquiraz. Segundo o maestro a meta é realizar algo semelhante ao que é feito em São Paulo. Segundo o maestro, um dos objetivos da visita a Fortaleza é também conseguir apoios para o projeto. “Em Aquiraz, começamos de forma muito modesta. Conseguimos realizar 5% do que queremos”, diz. Neste mês, a Fundação Bachianas lança um método de ensino musical, batizado de “Método a La Corda”, que João Carlos pretende implementar em Aquiraz e, se possível, em outras localidades. “Quero aproveitar os dois dias em Fortaleza para ver como a gente consegue botar o Estado do Ceará nesse contexto. Para mostrar que a música une povos, gerações e une comunidades”, argumenta.

Seguindo o método, ilustra o maestro, com pouco mais de um ano de ensino é possível colocar uma orquestra infantil para tocar peças como as de Vivaldi. “O método foi criado pelo professor Ênio Antunes que trabalha há alguns anos comigo. É um método onde uma criança aprende música antes de aprender a ler”, detalha.

Superação
João Carlos Martins iniciou sua trajetória como pianista ainda criança. Aos oito anos de idade venceu seu primeiro concurso, executando obras de Bach. Sua estreia profissional, aos 20 anos, no Carnegie Hall. Em 1966, sofreu um acidente em Nova York que lhe impôs o primeiro grande obstáculo, de saúde, a ser superado. Rompeu um nervo que prejudicou os movimentos da mão direita.

Durante a década de 1970 desenvolveu, em ambas as mãos, lesão por esforço repetitivo. Foi obrigado a se afastar por alguns anos do piano, voltando à atividade em 1978. Na década seguinte, novamente teve que se afastar do piano, pelo mesmo motivo. Voltou a tocar, novamente, em 1990. Uma pancada na cabeça desferida por assaltantes na Bulgária paralisou parcialmente o lado direito do seu corpo. Após um ano afastado, em 1999, voltou ao piano, desta vez, tocando apenas com a mão esquerda. Em 2002, descobriu um tumor, que o afastou novamente do piano, dedicando-se, desde então, à regência e ao ensino da música.

O maestro voltará aos palcos como pianista dia 23 de novembro, na Casa São Paulo, com o “Concerto para mão esquerda” de Ravel.

Mais informaçõesPalestra "A Música Venceu", com o maestro João Carlos Martins. Hoje, dia 7 de maio, às 19h, na Praça da Biblioteca Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz ). Contato: (85) 3477-3000
Fonte: DN

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