Quando aparecem gravações de políticos recebendo dinheiro de corrupção, logo surgem os defensores a culpar as imagens. Antes das câmeras, os deslizes eram gravados somente em voz. Aí, alguns negavam as vozes ou não lembravam o ocorrido porque estavam meio grogues de remédio, meio embriagados, ou sonolentos. Esses argumen![](data:image/jpg;base64,/9j/4AAQSkZJRgABAQAAAQABAAD/2wBDAAkGBwgHBgkIBwgKCgkLDRYPDQwMDRsUFRAWIB0iIiAdHx8kKDQsJCYxJx8fLT0tMTU3Ojo6Iys/RD84QzQ5Ojf/2wBDAQoKCg0MDRoPDxo3JR8lNzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzc3Nzf/wAARCABUAH4DASIAAhEBAxEB/8QAHAAAAQQDAQAAAAAAAAAAAAAABgAEBQcCAwgB/8QAOhAAAQMDAgMGBAUCBQUAAAAAAQIDBAAFERIhBjFBBxMiUWFxFDKBkRVCobHBI1IWQ2LR8HKSouHx/8QAGgEAAgMBAQAAAAAAAAAAAAAABAUBAgMABv/EACIRAAICAgICAwEBAAAAAAAAAAECAAMEERIhIjEFQVETMv/aAAwDAQACEQMRAD8AtwLpa96b94PMUg4PMV4rRh2hHGqmVzvNvtSNdwltMbZCVK8SvYczQ7xtxY3YYqWmFpVNeHgGNWgf3EdfQVVjj78hxyQ+lxbrhytbhyT70di4DXDk3QlSQOhLTc7SbCl0oSZSkg41hrA/U5/Sp20cQWy8oKrdLbdUBlTecLT7pO9UQ7FceGpoYVTdlqdEeTIaU4242cpcQcKHqDRr/GVa8TozgG/J0jq2pa9qBuB+MTdm0wbkQmclPhc5B8Dr6K8x9qMNfrSa2pqm4tLACONdea60a/WgLtC49Nk1261aXJ5T4nOYZzy26q/appqe1uKiSdAbMKOIOLrRYBpnSQX8ZTHa8Th+nT3OKr2d2vy1Z+AtUdCAdi84pRx9MVWyn3n31SH1FTi1HUoknJPUnnThxKCkHBIAyOVPavjakHn2ZgXJPUN4vbJPakpTcbdHdZUf8gqQoD6k5o44f7QbJfHUMNOrjvrOEtvpxk+WRtmqBdhFSyoggHqOlbENux1JU2shSeo8xyNWt+OpceI0Zy2ke51Jq2rBSqg+E70L3YY0wjS5jQ6M/nGx+/P61LlQP5hSBq2VipELGoqYXq5NWmA5Jd3I2SnPzHyqRJ2NB18CLre3Gn16Y0FtSinzV1P0ovGq/rYAfUWqNmBciPMu1wdmPkl5SgfCCSnPL2FeuRO6ISvvSo774waJbezllcpo6G0jkBq3J5ctzTB1bCHsy2ihbZwBuQfUU9Uj/IhpoZVDGM7fCKpaEEczvk0TqtDCkKQUA56Uytel9z+k14E77o/mp0uhIyeQoW9juMMcALA+VafgXkvRVlC21amyOaSDsasaE98TCYkEYLraVEeWRQVeHtSjjGTviivh1RXZIiic5Rz+poHKO1BMF+QqVQrCSOOW1UlxJZ5lw4wuq48VRQl7QSSME4Hn96u7yoUvTQj3lbgRhL4Cyf7jjSf2FVwrODmBY6Cx+JgVa+z52QsuXF7ukDGA1hX70RMcB21lxK0LeJHRxQP8VOpkqDaQlPM14/NDCQXVpSTskZ3P0o9rnJ9xqmPWo9QC4l4ZVAWXGka2fykdKGVwipB5gcuWKt1yZFkNLRKCFII3BoHlWfXxDGaUhbEWQ4C2kqIITvsfX09aIpuJGmgeTjaba/cIOypS/wAGmR3PmZk/oUj/AGo104qLsbiTLLbAKGw1pW0pONBTjGB7Gpop2pXe27Cf2A5VJqs47kZxBxZZ7A0szZKVPJGQw34ln3HT60BouXxdvmPagpyTpOSfnGrUR7HlQjYYLNyv9thSxqjyJbaHRnmkqGR9atPjS2Ro9+dQphtDK20LaQkaQEhITgY8immVeMuKvL2Ztj1mx+Ma2psm1QX0ZcCQElPM5JwVYyASPWs7pw6ubcUOtISuMkgLQVYJHn61jbXO7eDTXhbz8o5UUh9sNpbQcGqqTvcc2psBTIx6Su3x9DTALCcABtOFDpy5H3qOn3eJFjh94PISpWnxo07+Rz7VPSWu9RhadQ96E5sIS7iphT2dJ1BtO2T0z6VRtE9yyq2vGR8+dFd1P99obIOkqGP3qyLelCIMdLW6A0kJI8sCgp6zIk3RTtxdSqPEY70J04VrwdITz39x0FFtra4jdgtuyrY2VrGoDvg2oD1SeRoe/HewDgIsz7CzBT9SQNC/Gbywhr4csh1j+o4XVYGg7YA5k7Z25AeoqbmSZ0Fhx+baJSGmklS1tqQ4ABzOxzVa8W3jh2/OMyY8qRHmNKB1LaKkqA6Yzty5j61lj4ti2DkpgVbFWBElrXf/AIxbLJQlJWToebOpKiPLYHoaYuLuSbgt5hDaitWFOvIUVAeQB5e1b7MxHMuPJYILSlBSVKPOiGdcYseWllTscvLI1NawFKB60cffQj1VJA2Yzt9teW+iTJcStY3CcYA+3/Nq84kYUYKZKNnGFhxs+RB6U7mOqbjgRRoW4sIB56SetNbs+GosmO5qASwMBZyVKOc1mu+W5axRx1M7DebY0Y0iXLS07LUWklxXzLO4HpsMf/aMSknkCfYVUM+A0/wboUPG0tTiFEbg5/8AdBki63GSy0y7cJhbaGG0CQoBI9s1LYf9TsGJ8wFnDH7E3RpLsOUzLYIS6wsOoJGQFJOR+orUhy4y5f4jKnvqkuq161KKlZPmTXuQDuMjrVg9o/C9u4cjxJUBZS1KV4WSrJbGM+5TyGelNWEHBIOxHFpW8qEy88B3ik5OnqfOpUd9KfZaaWUFfzLG+kYob4buXxaI9s+R5KFKSojYgEbe+9FcsyIlscRZYan5ik6Q4shKQfMn+BS9gAdGParuSAiaHbqWLZ3jiwVaigEnYkHH71DqfRHZMiNICpKxuUuDPnuN9q2R7VNEZHxbqFLaGNBOQnPM+/rWfAfCVum8SrdnOIcUynvEsIGQvB/MfIZG3WurAZtTS20Vpyh5wpGejwTeLyWo/eMBRbIx3aQSdSieuPtTn/HfDQUR+JoOOvdrx98VPyIzMqM5HkNpcZcSUrQoZCgehoJvvA/C8CG9NelvWqO2MrcD/gT5bKz9qPC8RoTztzu7cvuSl64hs8/hy6fB3KK6r4R3whwBXynod65rHTFTPGUq2ImJj2m5G4Moye+7gt/TPX3xQ4qUo7IGPWpBkKTruHfCdxS1E7h2OuUhvdxttJKkJJ2O1FKeGOG7yoym33mZCx+V4gj3SqqqsN8lWOYZEcJc1jStC+ShnNXNw7dpFyjMOvQUMpWgKQ5qSoHPTz60HchU7EZ02ixeP5G7PDVyt4CYcxEltC0rS05lPI55nPtWHHVtdfitS4bJS8g6XUHmpBPP6H9zRejf5wEq6EUpCQ4goIB260NyIO5uxJGpV9wUljhuYdtDTB+5wlP/AJKH2NVskc/KrE7T1C3W6LbWGloEmQXnln5SEDCUD/uJxVZPukK0+XOj6AOG/wBi/Kfk+vySEp3S2rB6Vb82BCmcPPxpuuRdH4rahIUdRac6J1dE6cZHrQj2Yt2VviVhF/iokd4QmOtw5Q25nbKeRzyyeRx9LT7QoLMC0Tbgy3oQplSXNA+VRGAfTetLWYL4zOlUZ9PKx4PmwBxHBjNsFLxQQp0rBGsoOUgeXrnpVn5SN8nHqdqqvheLCjJXNc0JlRJyFIJ2y2olJTR45ObwQh5CDncN7n9aCvHnGGKPCaLx8CqURLLxRzUlK1JCvfHOq7vl7asl7YlcLqdhSmSoOlAISsHGxB50WX28iMh59mQ0nuk7d5klZxyqqJ0124TXJMg+NZ3x9v4qcdDvcjMsAXiPuXbwv2nzbjADzzttW4g4dadUWVg+YO4IPtQp20cYLvkW0RWWXY7eXHnEKOQtQOlJB/MNlb+tV9brjMslwauVucCHmjkZTqB8wQdiDU/2k8VReMHbROab7iS1ELUlgDZC9ZPhPUHOR5daLVWBJJ2IuYqQNDuCjSivOSc5rcNuVYto0oG25rNQCV4OwrTUpM0DcqPtRRwLfxarwkTHnPhVp06OY1bAHFDhxp2OR6V7CQt+ey0hSErW6hKVKOACVDGa4oGGjLK5U7E6Khz2HkgpIBPP/nSnpUnTkKHvnlUVOtKI6DJcUvv3QlIS0vOSOgGMfU70wjyJ8eWIrjSXXElCyhSseHUMgnqcZoa3CZewdiFplq3X3HfENnj36A7FmtK7gYV3hGlQPRSSenryqi+M+FLjwxNT8U06Yj+8eQpOAseXoR6488V1XFfjXSKh4NqLZOwcTjP+4/Sqg7X+KnJV1FmgukR4asvKSfmdxyz/AKQce5Na11hOhBbLDYdmV0kkKGDg52I6V0E7OcmdnDcuWht5x+AguhacpUVAAkj6596VKtD6lJVXastHD9/bg2phllh1lLywEblQcON/Lagt/iO7Tcl6WoA9EbClSrFgOU3VmC+5HPuKKStSipXmo5rFhIwCeu5pUq0ExMywCcHkBnFMcD4zGNs0qVSPcgyQx40j0rBz5zSpVadNiBhBPpWtjdaf+tP70qVSPc6dIcKurnW9MyT43kpCUk8hWVjjoucdcx/KXltLKi3tnfP8n70qVbZEzqkoZLtvhW1uOrwrCUEK3wMpH7Gud7vn8UmZUVHv15KjknxHrSpVlLj3P//Z)
tos eram tão comuns e convincentes quanto às recorrentes justificativas do enriquecimento dos políticos da noite para o dia, cujos exemplos maiores são do Lulinha, filho do ex-presidente e do genial Palocci.
Como dizem nossos políticos, desvios e corrupção existem no mundo todo. E é verdade; embora nunca citem a diferença de que na maioria dos países desenvolvidos ela seja exceção, enquanto por aqui é a regra absoluta e reinante. O fato mais relevante não seria o tratamento igual entre a exceção, lá, da regra, por aqui, mas como o problema é encarado pelos envolvidos e a sociedade lá fora e aqui.
Lá, as instituições apuram os fatos e tratam com maior rigor as pessoas que se aproveitam da função pública para servir de exemplo. Por cá, as autoridades são as primeiras a traçarem defesa prévia e isso foi visto com o procurador-geral da República no caso do enriquecimento do ministro Palocci. Ora, senhor defensor da lei, a regra de que ninguém é culpado sem condenação serve, na mesma proporção, para não inocentar ninguém antes da apuração. Mesmo as apurações marias-moles, ou de faz-de-conta, como são as daqui. Os institutos de pesquisa, que tanto trabalham nas eleições, deveriam perguntar se o brasileiro acredita nas apurações quando os envolvidos são de vereador para cima.
Aqui, as coisas mais absurdas acontecem e são tratadas como se nada de anormal tivesse acontecido. Aqui, nada passa do razoável. No caso do enriquecimento de Palocci, é anormal por si. Não há na história da humanidade quem tenha conseguido multiplicar por 20, em quatro anos, o que levou uma vida inteira de quase 60 anos para conseguir. Somente o roubo, o tráfico ou outra atividade dessa natureza pode gerar fenômeno igual. Como eu, qualquer um que duvidar da regularidade desse enriquecimento, será ridicularizado.
Como Valtaire, defenderei até a morte o direito de ele se explicar, mas não acreditarei numa vírgula do que ele disser. Esse enriquecimento só é aceito pelos políticos brasileiros e suas assessorias, dentre eles, alguns jornalistas. Não me convencerá nem se ele disser que teve mais sorte do que o anão João Alves e ganhara mais de 200 vezes na loteria, a outra forma lícita de enriquecimento relâmpago, além de herança.
O senso do ridículo precisa chegar aos meios políticos e a todos os agentes públicos. A cara-de-pau com que tentam convencer do impossível é de deixar todos descrentes de que este país ainda tenha algum jeito. Aceitar que é mera coincidência a liberação, por um órgão do governo, de milhões para uma empresa no mesmo período em que ela doa milhões para a campanha do candidato do governo federal é simplesmente conveniência ou cinismo, para ser ameno.
Palocci pode muito; pode quase tudo. Pode até ensinar aos seus consultores a ganhar o reino dos céus; mas deve ter feito aula com o delegado Di Rissio, de São Paulo, que comprara um apartamento de mais de 1,5 milhão, e tinha outro acertado por quase o mesmo valor, com um salário de pouco mais de 8 mil reais. Ele pode comprovar documentalmente tudo. Mas é preciso ser insano para acreditar que alguém é capaz de pagar vinte vezes por um serviço apenas pela qualidade do executor. Esse tipo de justificativa precisa de um sonoro e definitivo basta. Este país precisa dar uma basta em muita coisa; nas inexplicáveis coincidências; no enriquecimento descomunal dos políticos, especialmente dos prefeitos, indistintamente, que se tornam gênios após eleitos; nas apurações que nunca resultam em nada, sempre quando o envolvido é do andar de cima. Basta, Brasil, basta!
Da mesma forma que tudo será justificado devidamente, é possível que somente os críticos venham a ser punidos. O mensalão é exemplar. Só a funcionária que não aceitou participar do esquema foi penalizada. Mera coincidência. Daqui a um ano Palocci deverá estar duzentas vezes mais rico apenas com os recursos das indenizações pagas pelos que duvidaram da sua fase de Midas.
Quero declarar ao procurador-geral da República, à senhora presidenta da República, à corriola de senadores e deputados federais e todos os defensores ou coniventes com essa indecência, que este cidadão defende e avoca o seu direito subjetivo de não acreditar numa vírgula sobre a regularidade desse enriquecimento, independentemente da prova que vier, pelo simples fato da impossibilidade. Com todos os pés atrás, aceitaria até o dobro, com exagero absurdo, o tripulo, mas por 20, nunca.
Pedro Cardoso da Costa – Bel. Direito
Interlagos/SP TODO TEXTO MEU PODE SER PUBLICADO, REPASSADO, COMENTADO E CRITICADO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caros leitores, Não aceitaremos Comentários difamantes ou que venham denegrir a imagem ou ferir a honra de quem quer que seja.