quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

FOTO DE MORO E AÉCIO RINDO JUNTOS ELETRIZA AS REDES EM PLENO CAOS NO PAÍS

 


Em meio a crise institucional, juiz sorrindo com políticos tucanos provocou polêmica na Internet.


Sérgio Moro, que nas manifestações tingidas de verde e amarelo já ganhou a alcunha de Super-Moro, agora é o Brasileiro do Ano na Justiça. Na noite de terça-feira ele recebeu o prêmio da revista Istoé, em cerimônia realizada em São Paulo. Não foi a primeira honraria concedida ao magistrado de primeira instância, responsável pelos processos da Operação Lava Jato que tramitam em Curitiba. Mas talvez tenha sido a mais polêmica: em certo momento, o juiz foi fotografado conversando animadamente com o senador tucano Aécio Neves (PSDB), sorrisos estampados na face. Completam o retrato, sentados à frente dos dois, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin e o presidente Michel Temer. E tudo isso em meio ao caos institucional que se instaurou em Brasília com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) desafiando o Supremo Tribunal Federal.

Nas redes sociais a imagem viralizou, e deu munição para aqueles que
 criticam a Lava Jato e Moro por não investigarem os escândalos tucanos
 com o rigor dedicado aos crimes de petistas. Aécio, por exemplo, foi 
citado em delações de executivos da Odebrecht e da OAS, além de ter seu 
nome envolvido em escândalos como o de Furnas. Em um grampo telefônico 
divulgado pela Justiça, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado
 chegou a afirmar que caso a Lava Jato continuasse avançando "o primeiro
 a ser comido vai ser o Aécio". Em todos os casos ele alega inocência, e
 os processos se arrastam no Judiciário. Não ajudou a causa do juiz o fato de
 logo à sua frente estar sentado Temer, cujo partido, repleto de políticos na 
mira da Justiça, é um dos maiores interessados em desmantelar a investigação
 comandada pelo juiz. Ou nas palavras do peemedebista Romero Jucá, 
“estancar essa sangria”.
O PMDB do presidente também foi um dos partidos que patrocinou – ao lado de PT, 
PSDB e outros – o desmantelamento do projeto das Dez Medidas Contra a corrupção,
 patrocinado pelo Ministério Público Federal. E pela inserção no pacote de uma medida 
que prevê punição a juízes, promotores e procuradores que cometam “abuso de
 autoridade”. Aécio foi um dos senadores que teria articulado pela urgência na
 votação do projeto do Senado, segundo notícias de bastidores dos principais jornais
 do país. O projeto acabou não vingando. A manobra fez com que a força-tarefa da 
Lava Jato ameaçasse renunciar coletivamente caso o pacote fosse aprovado

  •  nestes moldes, e o próprio Moro criticou as alterações. Presentes na cerimônia, mas
  •  ausentes na polêmica foto, também estavam o chanceler José Serra (PSDB),
  •  o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB), e o prefeito eleito de São Paulo,
  •  João Doria (PSDB).
Uma foto ao lado de Doria tirada no início do ano em um evento de empresários 
organizado pelo tucano também deu origem a especulações e acusações de que
 o juiz estaria muito à vontade ao lado de políticos do PSDB. A Moro lhe cai
 a cobrança do provérbio “à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer
 honesta”. Na Justiça, não basta ser sério. É preciso parecer sério.


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