A obra é do período Brasil- Colônia e a igreja foi tombada como patrimônio histórico em 1983.
FOTO DE 1942.
“Ninguém prestou atenção na missa, só olhando para os painéis novos. Até brinquei: vamos, então, filmar a missa para ver em casa”, encara com bom humor o padre Robério Martins, da Igreja Matriz de São José de Ribamar, em Aquiraz, diante da curiosidade dos fiéis na noite do último sábado, 30. A reinauguração dos doze painéis no teto da capela-mor da igreja que já comemora 300 anos vem chamando a atenção dos frequentadores e apreciadores da história cearense. Os painéis foram entregues nesse fim de semana após onze meses de restauração.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará (Iphan-CE), responsável pela restauração feita pelo especialista Hélio de Oliveira, trata-se de uma obra de grande relevância dentro do panorama das artes aplicadas ainda no Brasil Colonial.
O grupo de painéis, segundo o Instituto, é formado por 12 caixotões octogonais, pintados a têmpera, com cruzamentos em madeira esculpida com resquícios de douramento em folha de ouro. Eles representam os principais episódios da vida de São José e ocupam uma área de 78 m², no forro da igreja.
Além do ataque de cupim, o conjunto apresentava descolamento e perda de extratos policromáticos e suportes, além de desagregação de elementos decorativos, acúmulo de excremento de insetos, desnivelamento de tábuas e manchas d’água provocadas por goteiras. Para o restauro, de acordo com o padre Robério, foram investidos R$ 138 mil pelo Iphan.
O advogado e pesquisador da história do município, Ronald Tavares, diz que a autoria dos painéis é desconhecida. “Mas há suspeitas, por alguns documentos históricos, de que eles tenham sido pintados pelos anos de 1720, 1730”, arrisca Ronald. Ele acrescenta que todo o edifício religioso foi tombado em 1983 pelo Governo do Estado do Ceará.
Adriana Assunção, 24, nasceu na cidade e diz que ficou feliz com a renovação. “Me criei dentro da igreja, já fui coroinha e os painéis estavam muito abandonados mesmo. Ficaram bonitos demais”, avalia Adriana. Dona Rosalba Maria Santos, 64, também ficou feliz com o restauro. “Ah, foi um sonho realizado. Eles são um orgulho pra gente”, enfatiza.
Mas a reforma na igreja secular não acabou, conforme explica padre Robério. “Agora vamos para a segunda fase que é consertar o teto da nave central”. Nesta fase, segundo ele, a própria comunidade vem ajudando com os custos, de R$ 90 mil. O padre destaca que as missas do fim de semana não se alteram com as obras dessa segunda fase.
Fonte: O Povo
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