quinta-feira, 21 de julho de 2011

25 de julho: Dia da Mulher Negra latina e do Caribe

A ausência da mulher negra nas estruturas de poder da sociedade brasileira foi uma das críticas feitas ontem (13) pela diretora do Instituto da Mulher Negra de São Paulo - Géledes, Sueli Carneiro, durante a abertura do 1º Seminário Nacional de Empoderamento das Mulheres Negras, realizado em Brasília.
De acordo com Sueli Carneiro, a situação das mulheres negras nas políticas públicas desafia a democratização racial no país. “As mulheres negras estão ausentes de todas as estruturas de poder da sociedade. Elas são absolutamente minoritárias em espaço de decisões. É uma condição de subordinação e de subalternação social que precisa ter as causas e as razões discutidas”, disse.
Entre os espaços sociais em que as negras são expostas ao preconceito, Sueli afirmou que o mercado de trabalho é o que gera a maior exclusão em decorrência dos padrões estéticos exigidos.
“A discriminação no mercado de trabalho gera a exclusão de oportunidades para as mulheres negras. Existe uma ideologia poderosa operando no mercado de trabalho, que procura pelo fator estético hegemônico e que autoritariamente exclui as pessoas que não estão dentro do padrão seguido pelos grupos dominantes do país”, afirmou.
O seminário reuniu as mulheres negras vinculadas a partidos políticos e militantes das várias articulações nacionais do movimento social para a discussão de diversos temas, tais como: comunicação e políticas de promoção de igualdade racial, organização partidária e mecanismos de empoderamento.
Os ministros das secretarias especiais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, e de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire também estiveram na cerimônia de abertura do seminário.
Por:SINSEPUMA

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Dia Internacional da Mulher Negra na América Latina completa 19 anos

As mulheres negras são as mais afetadas quando os assuntos estão relacionados à violência e remuneração salarial

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Foto: Reprodução

Para coordenadora da ANNJ data foi uma vitória
Midiã Noelle Santana | Redação CORREIO midia.santana@redebahia.com.br
Há 19 anos era criado o Dia Internacional da Mulher Negra na América Latina e no Caribe. Porém, em 2011', ano em passou a sua maioridade, a data continua a ser nada mais do que um registro simbólico de que ainda é preciso lutar pelo desenvolvimento daquelas que, segundo os dados atuais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), recebem salário inferior aos homens, têm maior presença no mercado informal e ainda enfrentam dupla jornada de trabalho, graças ao afazeres domésticos.
O dia 25 de julho foi escolhido durante o Primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana, em 1992. Na capital baiana, a data também já faz parte do calendário oficial desde 2008, instituída através da Lei 7.440, o que para Deise Queiroz, coordenadora na Bahia da Articulação Nacional das Negras Jovens Feministas (ANNJ), foi uma grande vitória porque ‘demarcou’ uma trajetória.  


“Essa demarcação não é uma separação do dia 8 de março, que também é uma data de extrema importância, mas passou a existir para dizer que tem um grupo de mulheres com uma luta que não é separada, mas que é diferenciada. A gente sabe que a mulher negra tem a menor taxa de escolarização, o menor acesso ao nível superior, o maior número de mortes por aborto, mas, além de fazer essas denúncias, temos de lembrar que existem histórias de mulheres negras bem sucedidas”, destacou.


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2007, mostra que as mulheres representam 52,4% da população da Região Metropolitana de Salvador (RMS), um total de 1.545.137. Sendo que, destas, aproximadamente 81,9% são negras e pardas. Mas, mesmo sendo maioria, em Salvador, as negras são as que mais sofrem como a questão salarial.


Existe uma diferença significativa entre a remuneração da mulher branca e o da mulher negra na capital baiana. A primeira recebe em média, 4,6 salários mínimos, enquanto a segunda, apenas 1,9 salário mínimo, de acordo com os dados do levantamento da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, feita com base na Pesquisa Mensal de Emprego, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de julho a setembro de 2005. O trabalho doméstico é uma das principais formas de inserção das negras no mercado de trabalho.

"Gostaria que as mulheres se apoderassem mais dos seus direitos", ressaltou Mãe Jaciara


Para Jaciara Ribeiro dos Santos, conhecida como Mãe Jaciara - sucessora de Mãe Gilda no Terreiro Axé Abassá de Ogum - e a primeira Ialorixá baiana a coordenar um projeto federal, um dos problemas que mais atinge as mulheres negras é a questão da violência.  “Gostaria que as mulheres se apoderassem mais dos seus direitos, principalmente no que diz respeito à questão da violência que sofrem muitas vezes dentro de casa. De janeiro até junho deste ano 34 mulheres foram assassinadas na capital”.


Ainda de acordo com a Ialorixá, a sociedade ainda está muito presa ao passado. “As negras escravas tiradas da África sofriam muito com os senhores. Elas acabavam sofrendo violência sexual e agressões diversas. Como ter os seis mutilados. Não temos que nos afirmar no passado. Mas sim, refletir no presente e traçar caminhos para que tenhamos um novo futuro”, destacou.


Uma pesquisa feita pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) indica que 40% das mulheres sofrem violência física. Em alguns países das regiões o índice pode chegar a 60% quando a violência é do tipo psicológica.





                              Negras que fizeram e fazem a diferença no Mundo
Angela Davis
Angela Yvonne Davis foi uma filósofa estadunidense que nasceu em 1944 se tornou ‘famosa’ mundialmente a década de 1970 por ser uma militante do “Panteras Negras”, onde lutou contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos. Ela ainda protagonizou um dos mais polêmicos julgamentos criminais da história americana. Davis foi a terceira mulher a integrar a lista dos dez fugitivos mais procurados do FBI. Ela chegou a ser presa, mas seu julgamento durou dezoito meses, levando a tona debates sobre a condição negra na sociedade americana.  


Lélia Gonzales 
Uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras, do Olodum, em Salvador. A penúltima de 18 irmãos e filha de a mãe indígena, participou da primeira composição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), de 1985 a 1989. Lélia foi autora do livro “Festas Populares no Brasil”, premiado na Feira de Frankfurt. Nos seus últimos dias de vida, quando tinha apenas 59 anos, a antropóloga mineira foi eleita chefe do Departamento de Sociologia, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. 



A juíza Luislinda Valois, a socialista Angela Davis e a fundadora do MNU, Lélia Gonzales 


Edialeda Salgado
Foi a primeira mulher negra a ocupar uma secretaria de Estado no Brasil. Figura determinante no movimento de conquistas das mulheres negras, a médica ginecologista organizou o I Congresso de Mulheres Negras das Américas realizado no Equador no ano de 1984. A ativista que fez parte do Gabinete Civil do presidente João Goulart, morreu em janeiro de 2010, vítima de infarto.


Luislinda Valois
A filha de uma lavadeira e de um motorneiro de bonde se tornou, em 1984, a primeira juíza negra do Brasil, e ainda proferiu a primeira sentença contra racismo no país. Nove anos depois, saiu em defesa da empregada doméstica Aíla de Jesus, que foi acusada injustamente de furto por uma grande rede de supermercados. A sua cliente foi indenizada. Aos 67 anos, lançou o seu primeiro livro, “O negro no século XXI”.

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