segunda-feira, 15 de abril de 2019

Governo propõe salário mínimo de R$ 1.040 para 2020, sem aumento acima da inflação


O governo federal propôs um salário mínimo de R$ 1.040 para 2020, de acordo com o 
projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, divulgado nesta 
segunda-feira (15) pela equipe econômica.
Atualmente, o salário mínimo é de R$ 998. O reajuste, se aprovado pelo Congresso, 
começará a valer em janeiro do ano que vem, com pagamento a partir de fevereiro.
Com isso, deverá ser a primeira vez que o salário mínimo, que serve de referência para 
mais de 45 milhões de pessoas, ficará acima da marca de R$ 1 mil.
Para os anos seguintes, o governo propôs um salário mínimo.

Sem aumento real

O valor do salário mínimo proposto pelo governo para o ano que vem,
 e para os anos de 2021 e 2022, tem correção somente pela inflação, 
ou seja, pela estimativa do governo para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC).
Com isso, o governo indicou que desistiu, pelo menos em um primeiro momento, da política de
 aumentos reais (acima da inflação) que vinha
 sendo implementada nos últimos anos, proposta pela presidente Dilma Rousseff e aprovada pelo 
Congresso.
A política de reajustes pela inflação e variação do PIB vigorou entre 2011
 e 2019, mas nem sempre o salário mínimo subiu acima da inflação.
Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste somente com 
base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016) teve
 retração. Por isso, para cumprir a fórmula proposta, somente a inflação
 serviu de base para o aumento.
Segundo o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues
 Júnior, a proposta para o reajuste do salário mínimo nos
 próximos anos não representa a definição de uma política salarial. 
Segundo ele, essa definição acontecerá até o final deste ano.
“Esses valores para o salário mínimo não implicam em uma lei, ou 
colocação de qual sera o salário mínimo em termos de legislação. 
É uma avaliação paramétrica. Estamos atendendo a uma regra de
 correção pelo INPC. Temos valores referenciais. Em termos de definição, 
para políticas salariais, o governo tem até dezembro desse ano para 
enviá-la. Não é a definição da lei de política para o salário mínimo”, 
afirmou.
Cálculo feito pelo G1 indica que, pelo formato de correção dos anos
 anteriores, o reajuste do salário mínimo em 2020 seria cerca de R$ 10 
maior do que o proposto nesta segunda. Dessa forma, se for aprovada a proposta, 
o governo economizará, ao menos, R$ 3 bilhões em gastos no
 ano que vem.
Isso porque os benefícios previdenciários não podem ser menores que
 o valor do mínimo. De acordo com cálculos oficiais do governo, o aumento de cada R$ 1 
para o salário mínimo implica despesa extra de, no mínimo, 
R$ 300 milhões.

Dieese

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) lembra que, 
mesmo tendo início formal em 2011, com aprovação
 de lei sobre o assunto, a política de valorização do salário mínimo
 começou antes disso: de 2004 em diante, por meio da ação de centrais sindicais.
De acordo com a entidade, entre maio de 2004,no governo do então 
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e janeiro de 2019, o aumento real acumulado do salário
 mínimo, ou seja, acima da inflação do período, foi de 74,33%.
Para o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, 
o salário mínimo tem demonstrado ser um instrumento de melhoria do
 ponto de vista da renda, de redução de desigualdade e de estimulo às economias municipais.

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