Novos estudos mostram que a aparência é fator determinante no sucesso profissional – e que não há nada errado em usá-la
Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 23/setembro/2011 |
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Num planeta de quase 7 bilhões de habitantes, nosso planeta, há uma elite de aproximadamente 200 milhões de pessoas que não se destaca pela fortuna, pelo poder ou pela inteligência – mas que constitui, ainda assim, um grupo privilegiado, cuja vida é mais fácil e mais promissora. Eles recebem mais atenção quando crianças, tendem a ser mais populares na adolescência, conseguem amor e sexo mais fácil quando se tornam adultos e, segundo as pesquisas, ganham melhor na carreira profissional e têm facilidade para se casar com gente rica. Contra os privilégios desse grupo, presente em todas as sociedades e classes sociais, não há mobilização política ou denúncias. Sua influência é tão antiga como a existência do homem e, nos últimos séculos, só fez crescer. Em vez de combatê-la, a maioria tenta, desesperadamente, integrar-se à minoria formada por 2% dos homens e 3% das mulheres – a das pessoas extraordinariamente bonitas.
Dois livros publicados no exterior nas últimas semanas capturam na exata medida os privilégios que cercam esse grupo restrito: Beauty pays: why atractive people are more successful (A beleza rende, por que as pessoas atraentes têm mais sucesso), do economista americano Daniel Hamermesh, e Honey money: the power of erotic capital (Dinheiro doce, o poder do capital erótico), da socióloga inglesa Catherine Hakim. Amparadas em dezenas de pesquisas e cuidadosamente embaladas para causar impacto, as duas obras sustentam, com abordagens diferentes, a mesma tese: tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, as pessoas bonitas obtêm vantagens econômicas quantificáveis. Sempre se soube que os seres humanos excepcionalmente bonitos gozavam alguns privilégios em relação aos demais. Agora, o senso comum tornou-se mensurável.
Para captar esse fenômeno, Hakim, professora da London School of Economics,
criou o conceito de “capital erótico”, que envolve, além da beleza física, virtudes como charme, desenvoltura, elegância e sensualidade (leia o quadro abaixo). É uma adição atrevida às três formas de capital consagradas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu: o capital econômico (o que temos), o capital humano (o que sabemos) e o capital social (quem conhecemos). Hakim diz que as pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Canadá demonstram claramente que homens atraentes (quer dizer, com mais capital erótico) ganham entre 14% e 27% mais que os homens não atraentes – considerando que tudo o mais entre eles seja equivalente. Para as mulheres, a diferença varia entre 12% e 20%. “É uma coisa tremenda”, disse ela a ÉPOCA. “Como fator absoluto, apenas a inteligência, medida por testes de Q.I., tem uma influência tão direta na renda.”
criou o conceito de “capital erótico”, que envolve, além da beleza física, virtudes como charme, desenvoltura, elegância e sensualidade (leia o quadro abaixo). É uma adição atrevida às três formas de capital consagradas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu: o capital econômico (o que temos), o capital humano (o que sabemos) e o capital social (quem conhecemos). Hakim diz que as pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Canadá demonstram claramente que homens atraentes (quer dizer, com mais capital erótico) ganham entre 14% e 27% mais que os homens não atraentes – considerando que tudo o mais entre eles seja equivalente. Para as mulheres, a diferença varia entre 12% e 20%. “É uma coisa tremenda”, disse ela a ÉPOCA. “Como fator absoluto, apenas a inteligência, medida por testes de Q.I., tem uma influência tão direta na renda.”
Hamermesh, um respeitado especialista em salários da Universidade do Texas, é mais comedido. Ele estuda apenas os efeitos da beleza facial, sem misturá-la a outros fatores. Sua principal preocupação, como economista, é demonstrar que a beleza tem valor de mercado. Primeiro, por ser universalmente reconhecível. “Ela parece subjetiva, mas não é”, diz ele. “Tendemos a concordar espantosamente em relação às pessoas que são realmente bonitas.” O outro pilar na sustentação teórica do valor da beleza está na escassez. Os 2% ou 3% de pessoas bonitas na população são raros o suficiente para que haja mais demanda do que oferta por elas. Logo, criam-se um mercado e um valor mensurável para a beleza humana. Hamermesh calcula que, na média, ao longo de uma vida inteira de trabalho, um profissional de ótima aparência receba, nos Estados Unidos, cerca de US$ 230 mil (algo como R$ 400 mil) a mais que alguém de má aparência. “É um pouco menos do que a vantagem conferida por uma boa educação universitária”, disse ele a ÉPOCA. “Não é tudo, mas faz uma grande diferença.”
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