Jornal BRitânico faz análise do que está por trás das manifestações no brasil
Os protestos vistos nos últimos dias no Brasil são resultado de um problema maior que o aumento de R$ 0,20 nas tarifas do transporte público. Essa é a opinião do jornal britânico Financial Times. Em editorial de ontem, a publicação diz que o quadro "sugere que o modelo brasileiro pode ter atingido o limite". Ao citar que há desconexão entre a realidade e o Brasil "vendido pelo governo", o influente jornal diz que o quadro pode revelar que "a fantasia brasileira acabou".
Após a crescente cobertura jornalística dos protestos populares nas cidades brasileiras, o FT publicou editorial na edição de hoje em que afirma que "a revolução nacional pelos 20 centavos mostra que a fantasia acabou". "Embora tenham sido provocados pelo aumento nas tarifas de ônibus, os protestos não são, no fundo, sobre questões econômicas: renda e emprego continuam altos.
Nem sobre questões políticas, uma versão tropical da primavera árabe ou dos protestos turcos: a presidente Dilma Rousseff permanece popular, por agora", diz o texto.
"Ao contrário, eles foram formados a partir de um movimento social sem liderança, alimentado pelo Twitter e Facebook, e que expressa um conjunto difuso de injustiças, da corrupção e do dinheiro público mal gasto ao custo de vida. Isso também está em sintonia com a preocupação do investidor mais atento: a que sugere que o modelo brasileiro pode ter atingido o seu limite", diz o editorial.
Boom econômico
O texto lembra que o Brasil "desfrutou de uma corrida espetacular de dez anos de crescimento graças ao boom das commodities e da injeção de esteroides, como o crédito ao consumidor". "Algumas das 30 milhões de pessoas que deixaram a pobreza podem, como resultado, comprar bens de consumo como nunca antes. Mas as mudanças sociais não acompanharam as demandas dessa, ainda que precária, classe média.
O resultado é uma desconexão entre o velho Brasil que brasileiros dizem que está para trás e o glorioso Brasil novo em que os governantes dizem que a população vive".
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