sexta-feira, 18 de julho de 2014

Em ensaio para 'fim do capitalismo', alemã fica um ano sem comprar nada


Greta Taubert escreveu um livro sobre sua experiência de um ano sem comprar nada (Foto: Stephan Pramme/Divulgação)Greta Taubert escreveu um livro sobre sua experiência de um ano sem comprar nada (Foto: Stephan Pramme/Divulgação)
Foi numa tarde de domingo em família que a jornalista alemã Greta Taubert pensou pela primeira vez sobre o fim do sistema capitalista. Depois do almoço, ao redor da mesa ainda farta de comida, ela percebeu que todos os seus parentes - menos ela - haviam vivido em sistemas que ruíram: os pais na antiga Alemanha Oriental, os avós no início do Reich de Hitler e os bisavós em uma monarquia. Com recursos escassos, eles souberam se virar. Mas, se o capitalismo tivesse o mesmo fim, ela sobreviveria?
Greta percebeu que sem o principal foco do sistema, o consumo, ela não sabia fazer quase nada sozinha. Foi então que ela teve uma ideia: ensaiar por um ano como seria a vida sem gastar absolutamente nada. Decidiu tirar um "ano sabático" das compras, e passou a aprender como fazer tudo na vida: desde matar um animal para comer até fabricar os próprios móveis e plantar.
"Minha experiência era sobre quebrar as correntes da sociedade de consumo. Pouco a pouco, queria conquistar minha independência da indústria, da publicidade e do capital", disse a jornalista de 30 anos ao G1, por email.
Comi só carne de animais que eu mesmo abatia"
Greta Taubert
"Fiz uma dieta de compras, comi só carne de animais em que eu mesma atirava e os abatia, reduzi minha alimentação pouco a pouco de vegetariana para vegana, depois freegan (a partir de containers de supermercados), depois para uma alimentação vegana de alimentos-cultivados-em-casa até chegar a só-frutas-frescas-e-ervas. Vivia com apenas três litros de água por dia, tentei implantar os conceitos de doação, compartilhamento, permuta, faça-você-mesmo e carona sem dinheiro pela Europa."
Apesar de ter usado internet algumas vezes "para explorar a economia colaborativa, sites de troca de roupas, sapatos e acessórios" e para "descobrir como fazer coisas com sobras", ela diz que conseguiu mais ajuda com vizinhos e amigos sobre como se virar com absolutamente tudo sem consumir.
Depois de um ano, alguns quilos perdidos e dinheiro poupado, ela escreveu um livro que publicou na Alemanha em fevereiro chamado "Apocalypse Now" - como o filme de Fracis Coppola sobre a Guerra do Vietnã de 1979. "Comecei com uma perspectiva pessimista de como o mundo ocidental entraria em colapso e eu afundaria junto. Mas quanto mais eu entrava em ação, experimentando e brincando, mais descobria a alegria de uma nova sociedade em potencial."
FONTE: G1

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